Uma pessoa fantasiada de pinguim, de pé em cima de uma mesa, agita uma prancha de snowboard. Ao lado, alguém com arco e flecha tenta chamar sua atenção. Debaixo da tenda estendida em Haigis Mall parece que todo mundo está gritando. Ninguém te culparia por se sentir sobrecarregado, ainda mais com tudo que está acontecendo ao seu redor. Você está na Student Activities Expo, a feira de atividades estudantis semianual da Universidade de Massachusetts.
A exposição é, supostamente, um lugar para “promover sua organização estudantil registrada (RSO), conhecer novas pessoas e conferir a variedade de grupos estudantis que a Universidade tem a oferecer,” de acordo com a descrição provida pelo Campus Pulse na edição do último semestre.
Apesar disso, se você participou da exposição na semana passada, você provavelmente notou a presença de mesas para companhia de ônibus Peter Pan, Amazon, Huawe e Central Rock Gym. Negócios não-estudantis como esses não são, por definição, RSOs (Registered Student Groups, ou grupos estudantis registrados), o que invoca a pergunta: por que estes grupos estavam lá? A expo não é um espaço para se informar sobre companhias pro-lucro, mas sim um espaço onde os negócios e grupos estudantis podem se promover. Afinal, é a Exposição de Atividades Estudantis, não a Exposição de Negócios do Pioneer Valley.
Não é uma surpresa que esses negócios queiram uma mesa em um evento frequentado por milhares de estudantes. A presença destas companhias na exposição, entretanto, tira tempo e atenção das reais RSOs, que são fundamentais para a comunidade universitária. Imagine o quão entediante a faculdade seria sem fraternidades e sororidades, Sweets & More, a Coalisão pela Reforma da Cannabis (Cannabis Reform Coalition), ou qualquer outro grupo estudantil.
Sweets & More é um exímio exemplo de um grupo estudantil baseado em comunidade. Como Peter Pan ou a Amazon, é um negócio: providencia um serviço para os estudantes em troca de um custo. Mas ao contrário de outros negócios, Sweets & More interage ativamente com a vida estudantil. Huawei e companhias do gênero podem oferecer serviços importantes aos estudantes, mas eles não são comandados por estudantes e não agregam valor a comunidade da UMass.
Esse conflito pode parecer trivial. Será que o fato de algumas organizações não-estudantis terem mesas na exposição é realmente uma causa para alarme? Afinal, o que há de errado em educar pessoas sobre os diferentes recursos comerciais disponíveis para estudantes? Muitos desses negócios proveem recursos e materiais que são importantes para a vida de um estudante como entrega de livros acadêmicos, computadores, ou caronas de ida e volta para o campus. Além disso, negócios locais como o Central Rock Gym podem oferecer a oportunidade de interagir com a comunidade do Pioneer Valley de formas que a UMass não pode.
Entretanto, não podemos esquecer que a exposição não foi feita para grupos não-estudantis. Ela foi feita para clubes estudantis, que não gozam dos mesmos recursos financeiros que negócios tradicionais.
Para muitos clubes, a exposição é um agente vital no recrutamento de novos membros. Para companhias externas, é só mais uma chance de promover sua marca. O Massachusetts Daily Collegian, por exemplo, não deveria nunca ter de ver sua mesa relegada a calçada enquanto a Amazon consegue um dos lugares disputados debaixo da tenda.
Como será que esses negócios conseguiram uma mesa num evento supostamente reservado para grupos estudantis? A resposta ainda é incerta. Nós mandamos um e-mail para Atividades Estudantis (Student Activities), o grupo responsável pela organização da feira, para perguntar como os negócios conseguiram reservar seus lugares. Até a data da publicação deste artigo, não tínhamos recebido uma resposta. Nós não sabemos como tais negócios conseguirem se inscrever como RSOs.
Apesar de um tanto intimidadora, a exposição ainda é uma das melhores maneiras de descobrir incríveis clubes estudantis. Mas negócios tradicionais não tem lugar no evento, e é a responsabilidade do grupo organizador de manter tais negócios de fora. Afinal, a exposição é direcionada a arqueiros entusiásticos e pessoas-pinguim, não a Amazon e Peter Pan.
Joe Frank é um colunista para o Collegian e pode ser contatado em [email protected].
Anthony Mulligan é um contribuidor do Collegian e pode ser contatado em [email protected].
Gabriella Lalli Martins é uma tradutora de Português e pode ser contatada em [email protected].
Letícia Medeiros é uma editora de Português e pode ser contatada em [email protected].