No Dia da Terra, na segunda-feira à noite, estudantes, professores e membros da comunidade se reuniram no Amherst College para ouvir sobre o Green New Deal diretamente da principal autora dessa política, Rhiana Gunn-Wright.
O evento foi patrocinado pelos Democratas de Amherst College (Amherst College Democrats), o Escritório de Sustentabilidade Ambiental (Office of Environmental Sustainability), o Escritório de Assuntos Estudantis (Office of Student Affairs) e a Associação de Estudantes de Amherst (Association of Amherst Students). Gunn-Wright é o diretor de políticas do New Consensus, um grupo de políticas que encabeça a pesquisa sobre economia verde e outras questões do genero.
Segundo ela, o Green New Deal, patrocinado pela deputada de Nova Iorque Alexandria Ocasio-Cortez e pelo senador Ed Markey, de Massachusetts, “propõe uma abordagem para lidar com a mudança climática e a desigualdade de renda que convida as pessoas a fazer perguntas, e contribuir, mas não a se comportarem como se fossem detentoras de todo o conhecimento e razão, e eu certamente não sou”.
Ao longo da palestra, Gunn-Wright enfatizou que ela ainda está em fase de finalizar o processo de pesquisa para o acordo e tem o objetivo de lançar um livro completo de políticas no início de 2020.
Atualmente, Gunn-Wright disse que está trabalhando para “identificar especialistas, trabalhar com eles e juntá-los em lugares onde eles nunca estiveram antes, porque definimos expertise como não apenas acadêmicos, não apenas blogs de política, mas pessoas na linha de frente, ativistas, pessoas que já estiveram fazendo isso, trabalhando nessas questões por muito tempo”.
Em sua palestra, ela discutiu a atual pressão para agir, a economia e o meio ambiente, e como o Green New Deal visa abordar tanto as “crises gêmeas” de mudança climática e desigualdade de renda.
“A próxima década, ela realmente decidirá qual tipo de planeta teremos”, disse ela.
Depois de detalhar o impacto das empresas de combustíveis fósseis e sua influência sobre a economia, Gunn-Wright perguntou ao público: “quando você diz que só precisamos lidar com a mudança climática, o que isso significa?”
“Isso significa que você precisa mudar o jeito que você constrói. Isso significa que você precisa mudar a maneira de usar a terra. Isso significa que você precisa mudar a maneira como você move as pessoas e as mercadorias. Talvez você precise mudar o material que os move… Realmente não existe nada como ‘apenas lidar com a mudança climática’ ”, ela continuou.
Ainda sobre o tema da interseção da justiça econômica e ambiental, Gunn-Wright disse que “as mudanças climáticas e a equidade estão ligadas. Então, em um nível fundamental, há evidências crescentes de que países com altos níveis de desigualdade de renda, especialmente países ricos, têm emissões mais altas”.
“Nas comunidades de justiça ambiental, onde as usinas e instalações de combustíveis fósseis são designadas, elas são chamadas de zonas de sacrifício porque as pessoas são tratadas como descartáveis, né… As pessoas que sofrem os piores efeitos têm o menor poder… Essas são as pessoas que também não têm dinheiro suficiente e o tempo livre para protestar… Então, usinas elétricas movidas a carvão, oleodutos, etc. – todas são colocadas em áreas onde os moradores tendem a ser pobres e de cor, e não têm o poder político para se opor,” ela disse.
“Se tivermos uma economia verde tão estratificada quanto a que temos no momento, teremos falhado”, disse ela. “Porque quando existe uma abertura tão grande para mudar a economia política, e você não aproveita essa oportunidade, de propósito ou não, você é responsável. Nós todos somos responsáveis.”
Gunn-Wright também mencionou o impacto do Green New Deal nos empregos, dizendo que os redatores da política tinham “uma grande ênfase nos empregos… porque temos que garantir que novos empregos, novos empregos verdes, não apenas compitam com empregos mais antigos, mas possam interromper as estruturas de poder atuais, que empoderem seus lucros favoritos. É por isso que você vê um compromisso com empregos de alto salário.”
Ela também abordou a preocupação comum de que o Green New Deal está tentando lidar com muitoss problemas grandes dizendo que “uma boa política deve tentar resolver vários problemas de uma só vez, se puder.”
“No Dia da Terra, as pessoas falam muito sobre o quanto se importam com o planeta. E queríamos tentar incentivar as pessoas para se mudarem de… por que elas se importam com o planeta para o que podemos fazer para proteger a Terra”, disse Ben Gilsdorf, presidente de Amherst College Democrats, comentando a importância da conversa no Dia da Terra. “Então, há muita conversa sobre… ‘evite dirigir seu carro se puder’. Mas estamos começando a chegar ao ponto em que acho que pequenas coisas como essas não serão suficientes. E nós realmente precisamos começar a pensar em uma escala maior.”
Caitlyn Simon, uma estagiária do Escritório de Sustentabilidade Ambiental em Amherst, disse que o escritório tem uma série de eventos com temas ambientais planejados para esta semana, como um evento de levantamento de fundos na fazenda local da faculdade.
“Achamos que foi uma ideia muito legal que pudéssemos começar essa Semana da Terra com um evento realmente grande e global, e então avançar para o cenário do ativismo mais local”, disse Simon.
Irina Costache pode ser contatada através do [email protected] e no Twitter @irinaacostache.
Charles Williams é tradutor de Português do Collegian e pode ser contatado através do [email protected].
Gabriella Lalli Martins é editora de Português do Collegian e pode ser contatada através do [email protected].