Em 2012, Massachusetts fez história legalizando o uso de maconha medicinal ao redor do estado. Apenas quatro anos depois, o uso recreacional foi legalizado também. Mas o progresso não é sempre um caminho linear.
Deixando ao lado as centenas de milhares de vítimas da guerra contra drogas, muitos universitários não estão, para dizer o mínimo, prosperando, e possivelmente até sofrendo devido à falta de acesso a maconha. De acordo com o Código de Conduta Estudantil da Universidade de Massachusetts, “o uso, a posse, ou o cultivo de maconha para fins medicinais e/ou recreativos não são… permitidos dentro da propriedade universitária.” Essa linguagem é prova das leis federais redutivas que ainda existem ao redor da maconha.
Negar às pessoas sua medicação é antiético e contraproducente. Imagine que você tenha uma doença ou transtorno que causa dor crônica. Enquanto você anda para a aula, corpo dolorido, você põe a mão no seu bolso para uma aspirina para aliviar a dor. No momento que você toma o comprimido, e o coloca na sua boca, um policial se aproxima de você, te dá uma multa, e te obriga a entrar em um programa de tratamento para toxicodependência (igual ao BASICS). Qualquer um pode ver como isso poderia ser considerado não só antiético, mas também uma violação significativa.
Maconha é conhecida por muitos por ser uma “droga maravilhosa” por causa dos fins medicinais. Entre eles estão o tratamento de náusea, glaucoma, TEPT, esclerose múltipla, dor no nervo, mal de Parkinson, e síndrome de intestino irritável. Segundo a Harvard Medical School, maconha não só fornece benefícios notáveis, como também é uma substituta preferível à prescrição médica que pode causar sedação, ganho de peso, e vários outros efeitos colaterais desagradáveis.
Mais de mil estudantes cometem suicídio cada ano nas universidades em todo o país. Igualmente alarmante é o fato que suicídio permanece a segunda maior causa de morte para esses estudantes, perdendo só para acidentes. Níveis altos de estresse combinados com transtornos mentais não tratados ou tratados de maneira inadequada podem criar uma mistura tóxica e possivelmente fatal. Medicação psicotrópica é frequentemente prescrita para várias questões como essa, mas a maconha nunca entra no bate-papo.
Níveis altos de estresse e ansiedade são problemas comuns enfrentados por muitos. Por isso, drogas chamadas “benzodiazepinas” são geralmente prescritas. Estas drogas incluem Xanax, Valium, Ativan e Klonopin. Porém, overdoses envolvendo estas medicações têm quadruplicado desde 2002. Maconha pode fazer um trabalho eficaz em tratar sintomas mentais e físicas associadas com ansiedade grave. Outro ponto positivo é que a maconha não traz risco de vício, overdose, ou abstinência fatal. Deveríamos estar tentando ajudar nossos colegas universitários que precisam, não tentado fomentar uma nova geração de estudantes viciados em drogas.
A estudante de Ciências Políticas Lindsey Schreiner é a diretora de recrutamento e advocacia para a Coalizão da Reforma da Cannabis e um paciente que faz uso da maconha medicinal também. O trabalho dela com o CRC também é diretamente pertinente à reforma das políticas de maconha medicinal na UMass. Isso envolve uma força-tarefa que foi criada na primavera de 2019 para endereçar essas questões com a administração da UMass. Schreiner também tem mencionado os “dois pesos e duas medidas” que existem quando se trata da posse de nicotina em relação à posse de maconha.
“Esta política é discriminatória para os usuários de cannabis porque mesmo só possuir o produto com eles,” Schreiner disse. “Mesmo se… eles não o estão usando na propriedade da universidade, não é permitido.”
Sob lei federal em 2018, a maconha ainda é considerada uma droga de Schedule I (o que significa que é uma droga sem usos medicinais aceitáveis e com alto potencial de vício). Isso significa que, aos olhos do governo, não há usos ou propósitos medicinais reconhecidos para a maconha. Adicionalmente, isso significa que a droga representa um dos maiores potenciais de vício e risco para a sociedade. O aumento recente no número de estados legalizando maconha medicinal cria uma confusão legislativa que não só coloca os estados contra um governo federal autoritário, mas também coloca muitos pacientes em perigo, inclusive nas universidades.
Vamos parar de negar aos estudantes algo que pode ser tão vital quanto um analgésico, mas com muito menos riscos. Ao invés disso, vamos reformar leis federais arcaicas que interferem em direitos estaduais e individuais. Vamos legalizar a maconha medicinal na UMass.
Drew Sullivan é tradutor de Português do Collegian e autor original deste texto e pode ser contatado através do [email protected].
Gabriella Lalli Martins é editora de Português do Collegian e pode ser contatada através do [email protected].