Depois de uma eleição acirrada e um debate divisório, a presidência de Timmy Sullivan e de seu vice-presidente Hayden Latimer-Ireland foi ratificada na semana passada, apesar das violações não investigadas da campanha. Um senador, Aron Unger, renunciou em protesto, dizendo que “o Senado tinha falhado em seu dever” de rejeitar a ratificação.
Entretanto, durante todo esse alvoroço, não houve ninguém com coragem suficiente para oferecer soluções. Allie McCandless, que recebeu apenas doze votos a menos do que o Presidente-eleito Timmy Sullivan, chamou a eleição de “ilegítima” devido às “táticas ilegais” performadas pelo vencedor, mas mal se posicionou para desqualificar Sullivan abertamente. Entretanto, Sullivan argumentou que as regulações são rigorosas demais e não são “favoráveis a uma campanha de base”, mas que ele não está na posição de fazer tal mudança.
A Associação de Estudantes não poderia ter feito outra escolha senão ratificar os resultados da eleição. Invalidar a campanha de Sullivan teria sido sem precedente — na reunião do conselho em 4 de março, a conselheira da Associação, Lydia Washington, insistiu que “a comissão permanece operando por meio de advertências e suspensões, a menos que seja algo totalmente flagrante”. Isso aconteceu em 2014, quando um candidato cometeu uma violação e, segundo Washington, “não disse a verdade” ao conselho e foi repreendido antes do fim do período de votação, levando a algumas reformas nas regulações. Vozes fervorosas de ambos os lados tornam qualquer novo precedente antiético. No futuro, reformar nossas regulações novamente sera a resposta fácil.
Não parece fácil, no entanto. Se assim fosse, debates simples tornariam-se substitutos para as questões subversivas atuais, como acessibilidade e a proteção de nossa voz. Estamos presos a lutas contraproducentes sobre o que não podemos — ou não devemos — mudar. Para avançar, a Associação de Estudantes e o corpo discente precisam reconhecer nossos desafios comuns, cessar o drama e parar de culpar uns aos outros pelos problemas do campus que exigem nossos esforços conjuntos.
As duas campanhas principais sem dúvida se preocuparam com a acessibilidade. Em entrevistas com o Massachusetts Daily Collegian, Sullivan e Latimer-Ireland discutiram seus papéis em construir coalizões com programas de acesso a alimentos no campus, enquanto McCandless e Padmaraju discutiram a melhoria do acesso a recursos financeiros para organizações estudantis registradas e a mudança de direção nas reuniões da Associação de Estudantes, tornando-as mais conectadas às necessidades dos estudantes.
Enquanto isso, a renovação do prédio da Student Union tornou-se uma barreira. A coalizao McCandless/Padmaraju estava na ofensiva, apontando para o relato que a renovação é de US $12 milhões acima do orçamento e como Associação de Estudantes não tinha conseguido pará-la. McCandless chamou a mudança dos estudantes para Bartlett de “uma grande confusão” em sua entrevista. Na verdade, como funcionário de uma empresa estudantil que antigamente ocupava a União de Estudantes, eu teria que concordar. A renovação não só tem custo desconcertante, mas a estrutura social do campus foi interrompida na confusão da mudança.
Dito isto, este é um assunto entre os estudantes e a Universidade de Massachusetts, não a Associação de Estudantes. Sullivan não é culpado pela ineficiência da Universidade, e seu envolvimento como presidente mal é um motivo para discutir tal afirmação. Como seria se ele controlasse o custo? Diria “não” aos grupos de estudantes que participam do desenvolvimento de novos espaços? Elaboraria um plano de reforma mais barato? Diria à Universidade para parar a construção? Obviamente, é a Universidade que deve ao corpo discente uma explicação para esses custos adicionais.
A causa dessa frustração parece ser a sensação de que aprovar a renovação foi uma má ideia. Mas, tendo em conta a falta de espaço e a presença de amianto no antigo Student Union, eu suspeito que uma reforma teria sido iminente, então a oportunidade para os estudantes, as organizações estudantis registadas, e as empresas estudantis de se envolverem no projeto do novo local foi valiosa. Embora seja valioso para a plataforma McCandless/Padmaraju trazer isso a tona, a questão de acessibilidade a Universidade ainda é um problema maior do que um dos vários projetos de construção que a Universidade enfrenta. É um problema nacional — que se intensificará à medida que as faculdades menores, como o nosso vizinho Hampshire College, falharam por causa da falta de fundos, enquanto as matrículas para as faculdades existentes continuarão a aumentar.
Também vejo muita frustração surgindo do jeito que o governo da Associação de Estudantes lidou com problemas da Universidade. Em particular, o presidente Sullivan participou de protestos na reunião do Conselho de Administradores, incluindo um em que chamou o presidente Robert Manning de “grosseiramente mal-informado” por dizer que não havia uma “crise de dívida estudantil” no país.
A verdade é, não existe um jeito certo de lidar com os problemas da UMass. As relações diplomáticas devem ser a norma, mas quando a Associação não parece estar utilizando totalmente os seus poderes, ou a burocracia demora demais para resolver os problemas, precisamos saber quando ficar de pé firme. Considere, por exemplo, quando o escritório do Collegian foi quase desnecessariamente removido pela Universidade, incitando uma carta ao editor que reuniu ação dos apoiadores do jornal. Ex-alunos e estudantes ficaram indignados. “Em poucas horas”, dizia um editorial de acompanhamento, “a sala de imprensa era nossa novamente”.
Então, pressionar a instituição funciona. Também não é única coisa que tentamos. Hoje pode parecer uma bagunça, mas assim que o Student Union abra novamente, creio que será um testamento à negociação entre a Universidade e os estudantes para o bem maior. Muitos alunos, inclusive eu, não poderão aproveitar totalmente essas mudanças. Ainda assim, qualquer um que tenha paixão por qualquer grupo de estudantes no campus pode apreciar como isso afetará a próxima geração da UMass.
Então, como deveria a Associação de Estudantes prosseguir? Por um lado, o número de demissões está fora do controle. Medidas que exigem mais compromisso dentro do conselho permitirão que desafiem a noção de que eles não fazem grande coisa. Mais, encorajará o presidente a acomodar melhor algumas das críticas recebidas ao seu governo em relação aos projetos voltados para o campus.
Além disso, a divisão entre os partidos rivais pode ser alavancada para ter um debate legítimo sobre a reforma eleitoral. O que levou a comissão eleitoral a ignorar uma prova em uma alegação de violação? O quanto é necessário para que uma campanha seja desqualificada? Qual é a diferença entre a formação de coalizões entre as organizações estudantis registadas e a exploração injusta de seus recursos, e como podemos esclarecer essas regras? Esses são problemas que devem ser abordadas muito antes da próxima eleição.
Enquanto isso, precisamos superar essa eleição para trabalhar juntos para melhorar a acessibilidade a faculdade e fazer com que nossas vozes sejam ouvidas. Sim, essas violações podem ter feito diferença na eleição, mas não estamos lidando com fraudes radicais. Regras pouco claras provocaram essa controvérsia, e elas persistirão até conseguirmos reformas. Entretanto, temos coisas mais importantes para fazer quando se trata de criar um campus mais inclusivo, seguro e acessível.
James Mazarakis é colunista do Collegian e pode ser contatado através do [email protected].
Charles Williams é tradutor de Português do Collegian e pode ser contatado através do [email protected].
Gabriella Lalli Martins é editora de Português do Collegian e pode ser contatada através do [email protected].